sexta-feira, 31 de maio de 2013

VÈGANS

foto de Vegetarianos Pensam Melhor.

JAZZ

O maior acervo de vídeos de JAZZ online
O maior acervo de vídeos de JAZZ online

"Quem ouve música, sente a sua solidão / de repente povoada"
- Robert Browning

Acesse o link: http://bit.ly/PFDbuC

...Ver mais

SIGO SÓ

foto de Alex Howitt.

Sigo só
nem tão pó assim...
tenho as minhas sobras
e adoradas sombras
já fui árvores
caules
folhas e
flores
raiz
sementes...
me espalhei por aí...
andei à toa
vesti o casaco de Pessoa
e outras roupas heterônimas
anônimas ou flagrantes
flanei
como um mendigo
um andarilho
ou um rei
sem lei
me perdi tantas vezes
me procurei...
tento encontrar
 
C;R.G
 


O Frio Aquece os Pensamentos

foto de Rodrigo Galvão de Castro.
esqueça
enquanto se aqueça
que todo frio é gélido
duro e glacial de se suportar
o frio bloqueia movimentos
sofá edredons sons ambientes
livros filmes líquidos quentes e ardentes
lembranças dispersas e displicentes
aquecem os pensamentos...
 
C.R.G


O FRIO AQUECE OS PENSAMENTOS
primeiro frio do ano
fui feliz
se não me engano
(leminski)

OPTAR

a foto de Daniela Oliveira WORK.

SER ESPANTALHO
OU SE ESPALHAR
SE PRIVAR
OU SE PUBLICAR
SER OCULTO
OU FLAGRANTE
SER UM VULTO
OU SER DESCARADO
SER PRESENTE
OU FICAR NO NEVOEIRO DO PASSADO
ESPERAR O FUTURO
MESMO QUE ELE SEJA UM ICEBERG
 
C.R.G
 
.
 
Another sketch
- Oil in canvas 60cmx30cm

CORTAR RECORTAR CORTÁZAR

“Não havia fim para este interminável começo de cada"

Leo Gonçalves postou a tradução que fez do poema “A fogueira onde arde uma”, de Julio Cortázar, para o Diário de Minas , em 2002. O poema tem uma surpreendente articulação interna (articulação própria de Cortázar) a partir de versos inconclusos. É um poema que nunca termina.
Segue um fragmento e tb o link para a leitura completa:
http://www.salamalandro.redezero.org/wp-content/uploads/2007/12/a-fogueira-onde-arde-uma.jpg



(Haverei mordido, sim, morder, no amor é tão
Nunca me disse nada, só atento a
Perfumava meus seios com as ervas que minha mãe
E ele, a alegria do tabaco na barba, e tanta
Nunca choveu quando descíamos ao rio, mas às vezes
Ele passava-me lento um paninho branco e preto enquanto
Chamávamo-nos com nomes de animais doces, de árvores que deixam
Não havia fim para este interminável começo de cada
(O haverei mordido enquanto ele cravado em mim me
Sempre em algum momento se mesclavam nossas vozes se
Poderia ter durado como o céu verde e duro em cima de meus
Porque se abraçados sustentávamos o mundo contra
Até uma noite, me lembro como um prego na boca, em que senti
Oh a lua em meu rosto. Esta morta carícia sobre uma pele que antes
Por que cambaleava, porque seu corpo se vencia como se
- Estás doente? Vai para o abrigo, deixa que te
Sentia-o tremer, como de medo ou bruma e quando me olhou
Minhas mãos o entrelaçaram outra vez buscando este batido, este quente tambor e
Até o amanhecer fui sombra fiel, e esperei de novo
Mas veio outra lua e nos tocamos e compreendi que já
E ele tremia de cólera e me arrancou a blusa como
Ajudei, fui sua cadela, lambi o chicote esperando
Menti o grito e o pranto como se sua carne realmente me
(Já não mais o mordi mas gemia e suplicava para dar-lhe a
Pude crer ainda, se ergueu com o sorriso do começo, quando
Mas na despedida tropeçou e o vi tornar-se todo esgares e
Só em minha casa esperei abraçada em meus joelhos até
O primeiro a me acusar foi
(O haverei mordido, morder no amor não é
Agora já sei que quando for a manhã em que me
Lhe faltará coragem para chegar a tocha aos
O fará outro por ele enquanto de sua casa
A janela semi-cerrada que dá sobre a praça onde
Olharei até o fim para essa janela enquanto
O morderei até o fim, morder no amor não é tão

(Julio Cortázar, poema do livro “A Volta ao Dia em 80 Mundos”/ Civilização Brasileira)
Foto: Julio Cortázar
* Leo Gonçalves, em parceria com Mário Alves Coutinho, é tradutor de “Canções da Inocência e da Experiência”, de William Blake. Editora Crisálida/ 2005

Espelhos Urbanos

ESPELHOS URBANOS
TRANSLÚCIDOS RELEVOS
O CONCRETO O AÇO O FERRO
MOSTRAM O SEU LADO POÉTICO
OS PRISMAS AS SUAS RIMAS
OS PRÉDIOS MOSTRAM OS SEUS OLHOS
ORA QUADRADOS ORA RETANGULARES
ILUMINADOS OU APAGADOS
CHORAM FILETES DE LÁGRIMAS
QUE SE MISTURAM ÀS GOTÍCULAS
DA RECENTE CHUVA
ESPELHOS URBANOS
COSMOPOLITAS RETÍCULAS
AFLITAS DE TRÂNSITO
ENCONTRAM PAZ E SILENCIO
NA MADRUGADA ONDE SÓ TRANSITAM SONHOS
 
 
 

Dedos Indefesos

os dedos indefesos
pousam no ombro
na plataforma omoplata
próximos da face
inclinada
sob a perspectiva do silencio
os dedos
sem os pulsos
e impulsos
não são nada
 
 
C.R.G
 
 
© Alex Howitt

segunda-feira, 27 de maio de 2013

MURO

FotograficaMente.
UM MURO
NÃO SERVE APENAS
PARA DIVIDIR
SEPARAR
DEMARCAR
UM MURO
PODER SER UM APURO
DO OLHAR
QUANDO AS LUZES
SE PROJETAM
SOBRE ELE
OU QUANDO OS OS OLHOS INOCENTES
PROCURAM DESVENDAR O OUTRO LADO
UM MURO
PODE FORJAR FIGURAS
EM SUA RÍSPIDA ESTRUTURA
PEDRA TIJOLO MUSGOS
E CONCRETAS DECLARAÇÕES
ROMÂNTICAS ENIGMÁTICAS
DE PROTESTOS MANIFESTOS
GIZ GILLETE CANIVETE PUNHAL
JATOS DE SPRAY SEM LEI
UM MURO PODE AMOLECER
 
C.R.G
 
 
Robert Doisneau

Releitura do Amor



SEJA COMO FOR
NA FORMA DE UMA AVE
OU DE UMA FLOR
ENTRE FIGURAS NÍTIDAS
OU MANCHAS E BORRÕES
QUE INCITAM E EXCITAM
IMAGINAÇÕES
O AMOR HÁ DE SEMPRE
SER O VENCEDOR
NÃO IMPORTA A SUA TRAJETÓRIA
BECOS ATALHOS
RUAS LABIRÍNTICAS
JANELAS GAIOLAS
PORTAS E MUROS
PULOS E HESITAÇÕES
O AMOR É O QUE FICA
MESMO SE NADA MODIFICA
O AMOR É O QUE SE SENTE
E ELUCIDA A MENTE
 
 
C.R.G


Joan Miró: "May" (1968-1973)
____
JAZZ Love (LadyK) - Welcome
www.facebook.com/JAZZLadyK

Síntomas


algo ou alguém passa
estranho olhar
indiferente ou que devassa
passa...foge ou fica
da sua porta
gasta
emperrada
descorada
ladeada
por tijolos aparentes
ríspidos
acaso ou destino
todo esse limo
para rebocar as horas
sem mimos
e futuras memórias
algo ou alguém passa
e já é outra estória...
 
C.R.G
 
 
Só que fintchy reaish eu não quérum!
Street art de Lavalet.

Me pego e me apego

Me pego pensando em você doce amor
em dias turvos
ou noites em claro
Me apego em todas as suas recordações:
fotos músicas versos
elucubrações
Me apego qual um colibri
que se apega ao néctar de um flor
e quando dela se desgarra
vira bem-te-vi
para não perder o seu olhar
ou cigarra
para chamar a sua atenção
Me pego pensando em você adorável amor
em dias escaldantes
ou noites úmidas
Me apego vencido aos seus encantos
em cada canto
ou fora do círculo
distraído
ou em curto-circuito
e não desprego os meus olhos da sua imagem
seja onde for
no quarto escuro
ou em um cômodo improvisado
onde eu choro a sua saudade
e enxugo as lágrimas
com o seu lençol pérola sorriso
na rua ampla
onde a procuro
com tanta ansiedade
no ritmo febril de uma metrópole
nos braços granulados de asfalto
de uma agitada cidade
na tela de um computador
no roteiro que a cada dia que passa
se torna mais longo e denso
e mais desafiador
ao produtor e ao diretor
Me apego ao sonho de todo coadjuvante
ser o protagonista
e conquistar
o happy end do seu beijo eterno amor


C.R.G

Sem Palavras

SEM PALAVRAS
Photo: Hengki Lee

Olhos de Ressaca


TEM HORA
QUE TUDO DESOLA
LHE ISOLA E LHE IGNORA
OS OLHOS FICAM FORA DE ÓRBITAS
AS HORAS SE TORNAM MÓRBIDAS
A PELE SE RESSECA
DISSECA-SE A EPIDERME
COM APENAS UM SOLITÁRIO VERME
A PELE SE RESSENTE
DESIDRATADA DE
CARINHOS
ELÁSTICOS ESPINHOS
TEM HORA QUE TUDO FERE
E AGENTE PREFERE FECHAR
OS OLHOS DE RESSACA
E FINGIR FUGIR

C.R.G


1970s

Solúvel


...É COMO DISSOLVER O ÉBRIO PASSADO
O PRESENTE AINDA LÚCIDO
COM O BÊBADO FUTURO...
E SE MOSTRAR SE RESOLVER
OU OCULTAR SE ESCONDER
DENTRO DE UM COPO TRANSPARENTE
UM ESPELHO AGUARDENTE
QUE REFLETE CHAMAS
NO VENTRE NAS LABAREDAS
QUE A ALMA CONSENTE...
É COMO MERGULHAR EM SI MESMO
SE ESPREMER ENCURTAR OS EXTREMOS
CAIR DE BOCA CAIR DE QUATRO
ENFIAR AS MÃOS PELOS PÉS
IR AO REVÉS...
E SE ACHAR LIVRE...
É COMO SEGURAR UM GALHO NO PENHASCO
ESPERAR A AJUDA DO SEU PRÓPRIO CARRASCO
SENTIR PRAZER E AO MESMO TEMPO ASCO
É SE PERDER...
 
C.R.G
 
 
 

domingo, 26 de maio de 2013

SURPRISE

Surprise yourself with herself being succinct or extreme ...
Embrace every moment to be eternal ...
Explore what you crave or deplore
Realize up silk when you miss or when you exceed ...
Meditate while the eye fragrant rose devotes a look

your hands free of thorns ...
Focuses while their fingers trying to graft memories ..
Disdains in subtle arrogance 

with the fragrance of inks Salvador Dali
or basic black and white 


C,R,G
and magical extracted from a Godard film noir

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Flores em Você - Acústico IRA!

BOB DYLAN 72

Bob Dylan, 72 anos: compreendendo Dylan. http://bit.ly/16cXaxt

Café com Bob


No Dia Nacional do Café, um texto inspirador de Paula Taitelbaum para ler ao som de "One more cup of coffee" de Bob Dylan -> http://bit.ly/LSp02v



Por Paula Taitelbaum*
A garota moída de véspera aguarda mais um grão de amor expresso. O professor amargo tenta manter-se acordado sobre o jornal pingado na penumbra de um canto. A garçonete passada queima seu dedo na lágrima fervente da máquina estilo locomotiva à vapor. A senhora fraca deixa um pouco do seu batom na xícara branca de louça barata.
A secretária doce percebe o resto de ai que cai de uma boca espumante. O executivo frio sente o líquido escuro escorrendo por suas veias abertas. A vendedora vazia oferece seu corpo de bandeja enquanto derrama um tanto de suas lamentações. O ator aguado sente a fumaça entrar por suas narinas até experimentar a última gota de fala decorada.
O aposentado leitoso faz tremer o pires gasto que um dia foi do gato. A estudante descafeinada levanta a mão num pedido mirrado e distante. O homem aromatizado finge não prestar atenção na mulher que lambe o dedo lambuzado de chantilly. O poeta denso ignora dois dedos de prosa e rabisca versos imaginários num guardanapo estampado de rodelas marrons.
A moça extra-forte adoça o olhar mexendo suas ideias em movimentos circulares. O desempregado duplo deixa escorrer o resto da auto-estima goela abaixo. A amiga pela metade pensa que as relações não passam de uma meia-taça. A viúva pura assopra suas lembranças para sorvê-las em um grande gole.
O garçom torrado abraça a vassoura por trás do balcão descascado. A filha embebida em restrições pede à mãe uma porção de sonhos frescos. A adolescente encorpada aperta as coxas quentes querendo servir um sanduíche de si mesma. O músico solúvel em críticas esconde as olheiras por trás dos óculos de lentes mal dormidas.
O casal morno alimenta-se de silêncio mastigando um pão adormecido. A esposa granulada acaricia a baguette num requentado pedido de perdão. A velha triturada estende a mão suplicando uma migalha de atenção. A virgem amanteigada deixa sua calda escorrer sem que ninguém perceba onde ela vai parar.
O desquitado italiano hesita antes de pedir um bem-casado. O turista orgânico sorve um sabor estranho enquanto tenta entender a língua que o cerca. A amante cremosa procura o bilhete da sorte entre os restos da mesa ao lado. O garoto cigano de cabelos encaracolados e brinco de ouro lê a sorte na borra decantada antes de partir para o vale lá embaixo.
É uma manhã como outra qualquer no Dylan’s Café.



"A garota moída de véspera aguarda mais um grão de amor expresso. O professor amargo tenta manter-se acordado sobre o jornal pingado na penumbra de um canto. A garçonete passada queima seu dedo na lágrima fervente da máquina estilo locomotiva à vapor. A senhora fraca deixa um pouco do seu batom na xícara branca de louça barata. (...)"

Modigliani's Muse

POESPERA

ESPERA

POESPERA
PORQUE TUDO PODE VIRAR PÓ
OU POESIA
PORQUE HÁ UMA PALAVRA
QUE LAVRA A RESIGNAÇÃO
E HÁ OUTRA OPOSTA
QUE URGE E SE INSURGE
DESESPERA
PORQUE NEM TODA ESPERA
PROSPERA
NEM TODA EXPECTATIVA
SE FAZ ATRATIVA
E SÓ ANGÚSTIAS CATIVA
PORQUE TODA ESPERA
NA ESFERA REAL OU IMAGINÉTICA
É CANSATIVA DESGASTANTE
A CADA INSTANTE MAIS DESANIMA
SEJA NA PLATAFORMA
OU NUMA ESCADA ROLANTE
OU MESMO DENTRO DE NÓS
A SÓS NUM TREM FANTASMA
QUE SEMPRE ASSUSTA
E DESAFIA

C.R.G


Espera

domingo, 19 de maio de 2013

VIOLETA

L'incanto d'amore dei poeti estinti.

Garance Doré

{Artist Garance Doré is a fashion illustrator, photographer and fashion blogger.} - Official Website :http://www.garancedore.fr/


(Posted By Manar)

SUSPENSE

TUDO É SUSPENSO
TUDO É SUSPENSE
SÓ A IMAGINAÇÃO
LHE PERTENCE...
O PÓ MIRÓ DA INFÂNCIA
A POEIRA DYLANESCA DA ADOLESCÊNCIA
O POLVILHO KAFKANIANO DA MATURIDADE
TUDO LHE INVADE
VULNERÁVEL PRIVACIDADE
TUDO LHE FOCA E LHE DESLOCA
RETRATA E RETALHA
 
C.R.G
 
 
Joan Miró. Figure At Night. 1940
____
JAZZ Love
www.facebook.com/JAZZLadyK
C

MOBÍLIA

ESSA MOBÍLIA
CASTANHA E POLIDA
QUE SEPARA A SALA DE ESPETÁCULOS
DA SALA DE ESTAR
ESSA MOBÍLIA QUE SE FAZ
MACIÇA CORTINA
OU SÓLIDO BIOMBO
QUE INTERFERE NO AMBIENTE
ENTRE O SILENCIO E O GRITO
ENTRE A PAUSA E O TEXTO
QUE SEGURA A ATRIZ
ENTRE O QUE ELA REFLEXIONA E REFLETE
COM O QUE NO PALCO ELA SENTE E DIZ
 
C.R.G


fotopoema de Natalia Turini
modelo AMANDA MOBILON
fotografia NATALIA TURINI Natalia Turini Fotografia assistente de fotografia DHIEGO JORDÃO
beleza STUDIUM DIVA’S
produção NATALIA TURINI
assistente de produção ISADORA CIOLA
locação TEATRO MUNICIPAL ELZA MUNERATTO
C

CHET BAKER

Olhos de Ressaca

OLHOS DE RESSACA

UMA NOITE PODE CONTER
UMA VIDA INTEIRA
HORAS PRÓXIMAS E ALHEIAS
COLÍRIOS DELÍRIOS AREIAS
O SILENCIO ESFREGA LEMBRANÇAS
NAS SOMBRACELHAS DO TEMPO
UMA NOITE JAMAIS É IGUAL A OUTRA NOITE
NO AÇOITE DAS HORAS
NÃO SABEREMOS SE SEREMOS
SERENOS SONHOS
OU INTEMPESTIVOS PESADELOS
DAS CINZAS DAS HORAS
NÃO ESCAPAREMOS ILESOS
DO SONO PROFUNDO E FUGITIVO
OU DA VIGÍLIA HESITANTE
ESSE FRENÉTICO E CONSTANTE PISCAR
DOS OLHOS DE RESSACA


C.R.G

DESPOJAR

DESPOJAR

TUDO QUE A ESPONJA DA LISONJA
POSSA ABSORVER SUGAR
CORPO MEMBROS E OLHAR
FORA DO LUGAR
PARA EXPERIMENTAR
NOVOS MOVIMENTOS
OUTRAS POSTURAS
COSTURAS E RUPTURAS
DE CENÁRIOS
TACOS QUE VIRAM
RETANGULARES ESPELHOS
QUE TENTAM CAPTAR
O ESVOAÇAR DOS CABELOS
E O PERFIL ANGULAR
DESPOJAR
SER CÚMPLICE DE OBJETOS
CURVOS OU RETOS
PUXAR A CADEIRA
E DEIXAR FORA DE LUGAR
 
C.R.G
 
Ensaio fotográfico
Natalia Turini
All rights reserved ©

Solidão Instantânea


EU POSSO FALAR AMOR

POR AQUI

PELO CELULAR

LONGE DO SEU ROSTO

E DOS ESPELHOS DOS SEUS OLHOS

O QUANTO EU A AMO

SEM LHE CONSTRANGER

SEM TENTAR LER A SUA FISIONOMIA

EU POSSO FALAR ASSIM

NÃO É AMOR?

COMO EU POSSO DOMINAR O TEMPO

ENQUANTO ESTOU DENTRO

DE UMA LEMBRANÇA DIGITAL

ME RESPONDA

ENQUANTO EU AFASTO O APARELHO

E ESCONDO O MEU SOLUÇO

INSOLÚVEL DE SAUDADE

VOCÊ CONTINUA NA LINHA?

VOCÊ AINDA LÊ OS MEUS VERSOS

E PERCEBE MEU SILÊNCIOS E ENTRELINHAS

VOCÊ PREFERE UM SMS

OU TUDO SE ESQUECE

COMO UM SIMPLES GUARDA-CHUVA?

AINDA PERSISTE UMA CHUVA DE LÁGRIMAS

REFAZENDO A PAISAGEM DE UM SONHO



C.R.G

sábado, 18 de maio de 2013

O que procura um olhar

O QUE PROCURA UM OLHAR
NA TRELIÇA DO TEMPO
NOS LÍMITES DO AMBIENTE
NOS MISTÉRIOS DO INCONSCIENTE
O QUE PROCURA
ENTRE LUZES E SOMBRAS
ENTRE CURVAS E RETAS
O CENTRO DAS ATENÇÕES
OU AS ARESTAS AINDA NÃO MANIFESTAS
O QUE PROCURA
SE AINDA NEM SABE OU SABE DEMAIS
O QUE ENCONTRAR
O DESOLAR OU A EXPECTATIVA
O NOVELO DO ZELO
E TODO SEU EMBARAÇAR
O QUE PROCURA
OU NEM BUSCA MAIS UM OLHAR?
 
 
C.R.G
 
 
foto de Natália Turini
Editorial 'GLAM' - Lola Retrô Brechó
All rights reserved ©

SOL

O SOL ÁCIDO CASTIGA
E O ARAME FARPADO LIMITA A PAISAGEM
A VORAGEM AMARELA E ALARANJADA
REFLETE A SECURA DA ESTRADA
ENQUANTO DOIS POSTES CURVADOS
OLHAM CONSTERNADOS
A CERCA QUE DIVIDE A SECA IMAGEM
ELES PREFEREM A NOITE
QUANDO PODEM BRILHAR
INTEGRALMENTE
O SOL CEGA E NEGA O AZUL DO CÉU
E AFASTA O BRANCO DAS NUVENS
ELE SE IMPÕE - ASTRO REI - SEM LEI
PARA INCENDIAR O DIA
 
C.R.G
 
 
foto de Natália Turini
amarelou

SAPIÊNCIA

SAPIÊNCIA

EU PENSO
INTENSO
DUVIDO
OU ME CONVENÇO
EU PENSO
CALMO OU TENSO
SUTIL OU DENSO
PENSO ALGO
SALGO
OU ADOÇO
XAROPO TUDO
EU PENSO
RACIONALMENTE
OU ME ILUDO
EU PENSO ALTO
EM VOZ ALTA
ME EXALTO
SALTO
SOBRESSALTO
PULO
OU PENSO BAIXO
SUBTERRÂNEO
SUBTERFÚGIOS
EM MORDAÇAS
EM SILENCIO
EU PENSO QUE PENSO
E ATRAVESSO
A PONTE PÊNSIL
DO PENSAMENTO
E QUANDO CHEGO AO FIM
ME VEJO ASSIM
TÃO POETICAMENTE
DISTRAÍDO
 
C.R.G
 
 
Lição

Quino e as verdades ao estilo Mafalda...


Veja também:
http://semioticas1.blogspot.com.br/2011/10/humor-romeno.html

.

ESCADA

foto de Henri Cartier-Bresson.
E
ES
ESC
ESCA
ESCAD
ESCADA
CADA ESC
ADA ESCON
DE UMA QUE
DA CADA DEG
RAU UM SINAL
UM PASSO HESIT
ANTE PARA TRÁS
OU ADIANTE OU FA
TAL ESCORREGADIO
CADA ESCADA RETA O
U EM CLARABÓIA HELIC
OIDAL NUNCA É IGUAL A
OUTRA ESCADA ESCADARIA
 
C.R.G
 
 
France, 1932

CINEBIOGRAFIAS

Adoro Cinema.
Somos Tão Jovens - O Filme chegou aos cinemas brasileiros contando a história de Renato Russo. Aproveitamos para relembrar outras grandes cinebiografias musicais a passar pelas telonas.

20 cinebiografias musicais marcantes
www.adorocinema.com/materias-especiais/filmes/arquivo-100244/


Qual é a sua preferida?

PARE PARE

PARE PARE
NÃO REPARE
DISPARE
TRANSGRIDA
SOB A CHUVA FINA
ENQUANTO AINDA
NAO É TEMPORAL
ENQUANTO O SINAL
A ADVERTENCIA
A ADERENCIA DAS LETRAS
GARRAFAIS
NAO DILUIR EM POÇAS
NAO SUMIR EM BUEIROS
PARE PARE
MAS O GUARDA CHUVA TEM MEDO
DOS VENTOS
E AS SUAS VARETAS
FRÁGEIS OSSOS DE ALUMÍNIO
SABEM QUE NAO AGUENTAM
TANTO AGUAÇEIRO
PARE PARE
PARA REFRESCAR OS PENSAMENTOS
OU DISPARE
E PREPARE-SE PARA OUTRO TEMPO
 
C.R.G
 
 
foto de Natalia Turini
PARE, Londrina, Janeiro 2011

TUDOAOMESMOTEMPO

SERÁ QUE AINDA HÁ TEMPO
SEM CONTRATEMPOS
ENCONTRAR O PERDIDO TEMPO
TUDOAOMESMOTEMPO
PASSATEMPO TEMPOPASSA
NA TRAÇA DAS HORAS
FELIZES OU SEM GRAÇA
SERÁ QUE AINDA HÁ TEMPO
PARA RELEITURAS
COSTURAS DE DISPERSOS MOMENTOS
TEMPO TEMPO LAMENTOS
PASSADO PRESENTE FUTURO
TUDOAOMESMOTEMPO
UM NÓ NOS NEURÔNIOS
NO FRIGIR DA CABEÇA
NO FUGIR LABIRÍNTICO DO CÉREBRO
NO COQUETEL DED PENSAMENTOS
NO SACOLEJAR DE PEDRAS CRATERAS
E PEDRAS DE GELO
NADA AO DIFERENTE TEMPO
QUANDO TUDO A ELE É INDIFERENTE

C.R.G


'tudo ao mesmo tempo' victor az

SINGELA

BELA
SINGELA
ELA TEM A JUVENTUDE DO OLHAR
A FRANJA SÉPIA
A BLUSA DE LISTRAS
A JARDINEIRA POÉTICA
TODA A ESTÉTICA
QUE EXTERIORIZA
OS MAIS PRUROS SENTIMENTOS
ASSÉPTICA
POÉTICA
 
C.R.G
 
Desenho de Mila Alves
mais um q acabei de fazer comentem ai!

TOM

Templo Cultural Delfos.
ANTONIO CARLOS JOBIM!

A última entrevista!
("Tom Jobim a última entrevista”, Rio de Janeiro - Jardim Botânico, 30/11/94 - Quarta-feira, das 10h30 às 13h20 - manhã ensolarada. Repórter: Walter de Silva e Fotógrafo: Carlos Mancini – para a Revista Qualis)
Acesse aqui: http://elfikurten.blogspot.com.br/2012/10/antonio-carlos-jobim-tom-jobim-ultima.html


por Walter de Silva:
Nesta longa entrevista, talvez uma das maiores de sua carreira (48 laudas ou 67.258 caracteres), ele faz um exercício profundo de reflexão sobre o Brasil em todos os seus aspectos. Não apenas a conservação ecológica, mas o trabalho da imprensa, o papel dos políticos, a função da crítica, a preocupação com a dignidade e qualidade de vida do povo brasileiro, a paixão pela música, pela palavra, pela poesia, pelos livros e dicionários, os amigos queridos, a família adorada, o carinho pelos animais, e o amor supremo pela vida. Tom é de uma universalidade complexa que transborda simplicidade, concisão e transparência. Nos momentos de análise rigorosa e aguda, ele nos surpreende com seu humor sutil, certeiro e maroto. Durante a entrevista, sentado a meu lado no sofá, mudando-se de lugar, andando despreocupadamente pela sala, ou fumando com fervor seus charutos, ele faz da fala o instrumento de seu espírito - o delicado tom da voz, o tom grave e incisivo da voz, e as gostosas gargalhadas.Ao transcrever as duas fitas cassete gravadas durante a entrevista para o papel, optei pela fidedignidade absoluta do fato histórico e jornalístico. Preservo assim ipsis litteris todas as frases inconclusas de Tom, e todos os deliciosos aneirismos de sua fala. Ficamos todos assim abençoados por esse testamento verbal do "maestro soberano" da música e do pensamento. Tom Jobim para todos. No comecinho da tarde, ao nos despedirmos, Tom ainda gritou pra mim da copa onde almoçava com a família, enquanto eu descia as escadas: "Walter, não se esqueça de colocar na tua matéria que tudo isso é trabalho! Tudo isso é trabalho! Não se esqueça!" Claro, Tom, tá aqui o teu pedido. Tudo isso é trabalho.

Foto: Tom Jobim em sua casa no Rio de Janeiro – 1993, por João Bittar